Arquidiocese de Porto Velho, em Congresso Eucarístico

ARQUIDIOCESE DE PORTO VELHO - RO – EM CONGRESSO EUCARÍSTICO.

Sob a inspiração do tema “Do céu para o altar da Amazônia”, a Arquidiocese de Porto Velho, comemora o centenário da presença da Igreja Católica em terras de Rondônia.  O povo de Deus desta terra canta: “Esta terra da Amazônia, no chão nosso de Rondônia, há cem anos viu brotar, em Porto Velho a Igreja, que cresceu e só deseja fé e vida semear” (Letra do hino centenário). 
Nos dias 10 a 13 de julho de 2025, Porto Velho se constituirá num grande “ágape eucarístico”, no qual, em música e dança, em cantos e preces, todos são convidados a entoar ação de graças a Deus pela história centenária. Outrora “nutristes com maná o povo a caminho da terra prometida. Hoje alimentas com o Pão do céu o povo amazônico por meio da Palavra e da Eucaristia. Ao altar edificado neste chão sagrado, convidas todos, pobres, ribeirinhos, seringueiros, urbanos, migrantes, quilombolas, a se irmanarem na fé e na esperança” (Oração do Congresso).
O Congresso Eucarístico se constitui no ponto alto e encerramento das comemorações relativas ao centenário da presença e da atuação da Igreja Particular em solo de Rondônia. No ano de 1925 (1º de maio) o Papa Pio XI criou a Prelazia Nullius, através da Bula “Inter Nostri”. A nova Prelazia foi confiada aos cuidados dos padres salesianos, pioneiros nesta região. Aos 06 de outubro de 1946 foi nomeado o primeiro bispo prelado, Dom João Batista Costa, SDB, que desenvolveu intensa missão catequética e sacramental. Em 25 de maio de 1981, Porto Velho foi promovida a Diocese, permanecendo Dom João Batista Costa, como primeiro bispo. Em 4 de outubro de 1982 a diocese de Porto Velho foi elevada à categoria de Arquidiocese através da bula “Qui Beati Petri” do Papa João Paulo II e instalada oficialmente em 2 de janeiro de 1983. Dom Frei Moacyr Grechi, OSM, foi nomeado em 29 de julho de 1998 para a função de arcebispo, permanecendo até  30 de novembro de 2011. Na ocasião foi nomeado Dom Esmeraldo Barreto de Farias, a quem Dom Roque Paloschi, sucedeu no ano de  2015, até os dias atuais.
Uma história marcada pelo espírito missionário em meio às inúmeras situações adversas. No processo de preparação à comemoração centenária, foram edificantes os testemunhos de tantas pessoas marcadas pelo sofrimento e pela carência de meios, mas que encontravam alento para caminhada de fé nas devoções populares, nos círculos de escuta da Palavra de Deus e nos gestos familiares da partilha do pão, pois a ceia eucarística era muito rara. É forte, ainda hoje, ouvir relatos da experiência de pessoas que conviveram com Dom João Batista da Costa e de tantos homens e mulheres tomados pelo ardor missionário. Emocionante foi o testemunho de um senhor de uns 80 anos de vida, no encontro de animação dos voluntários e delegados aos simpósios do Congresso, na comunidade de São Pedro (dia 06.07.2025). Com sua voz trêmula entoou um antigo hino que aprendera na juventude com Dom João Batista da Costa, que animava à vida de fé e a manter viva a esperança.  
O evento da comemoração centenária tem muito a “bendizer a presença de Deus na beleza, rica biodiversidade e culturas de Rondônia”. Sem contudo esquecer que esta mesma terra foi chão manchado de muito sangue derramado. “Uma terra de martírio e rios tingidos de sangue!” Para quem conhece Porto Velho, o memorial desta história é estrada de ferro Madeira Mamoré. A este local, chegará pelas águas do Rio Madeira, o Santíssimo Sacramento, acompanhado dos representantes dos povos originários, quilombolas, seringueiros e ribeirinhos, para dar início à grande procissão Eucarística. A Igreja Católica deseja publicamente manifestar sua fé no Cristo, o Pão descido do céu, que se fez alimento, palavra, partilha e esperança na caminhada centenária. E, na solene celebração de enceramento do Congresso, “no altar da terra manchada de sangue se oferece o pão do martírio, pois numa região em que a eucaristia é tão escassa, a Igreja se faz eucaristia no corpo dado, fazendo da vida pão partido e sangue derramado por amor aos  irmãos e ao  Reino” (Santarém 50 anos 2022, n. 35).
A preparação do Congresso Eucarístico e as atividades inerentes à comemoração centenária, distinguiram-se pelo espírito sinodal e ações missionárias. Muito presente esteve o trinômio: pão da Palavra, pão da Eucaristia e pão da vida. As comunidades foram gradativamente compreendendo melhor: a Palavra que faz arder os corações, o gesto da ação de graças e da partilha do pão que abre os olhos, impulsionam à missão (Lc 24, 13-35) – a ser “pão da vida”. Isto é, a viver segundo o mandato de Jesus na última ceia: “Façam isto em memória de mim”(Mt 26,26)! Neste sentido, todos somos pão de Eucaristia. Cada ser humano é “pão vivo, descido do céu” (Jo 6,51), “pão de vida eterna para os irmãos”.
Ser “pão para a vida” é proclamar publicamente que ser discípulo de Jesus é “colocar-se a serviço dos irmãos”. É comprometer-se ser fermento de unidade, de amor e de paz.  Somos pão da vida quando alimentamos o outro na esperança, no perdão, na acolhida, na compaixão, no compromisso à dignidade da vida. Sim, podemos como Jesus, multiplicar o pão da festa, da alegria, o pão da justiça, o pão da ajuda solidária, o pão do cuidado de nossa casa comum.
Tendo como cenário “o altar da Amazônia”, o povo de Deus da Arquidiocese de Porto Velho  é convidado a reavivar sua presença e missão, sendo Igreja com feição amazônica, encarnada e servidora, peregrina e, ao mesmo tempo, acolhedora, atenta aos novos desafios e clamores que não ecoam mais tanto nas florestas quanto nos espaços urbanos premidos pela cultura do virtual e do descartável. Da memória celebrativa da caminhada centenária e da contemplação da emergência dos novos  horizontes, brotam inquietações e perguntas: Que boa nova e que Igreja o chão sagrado de Rondônia almeja para as próximas décadas? Nesta perspectiva, a 1ª Leitura da celebração da abertura do Congresso (1ª Reis 19,4-8), nos parece alentadora. “Levante e come, pois, longo é o caminho a percorrer”. Eucaristia, alimento dos peregrinos de esperança.  
Concluímos rezando: “Ó Deus de amor, entoamos hinos de ação de graças, reunidos em Congresso Eucarístico, marco do centenário de nossa Igreja Particular. Guiados pelo teu espírito de amor, que conduziu a história centenária de nossa Igreja em terras de Rondônia e sob a proteção da Virgem Mãe Auxiliadora, sejamos comunidades eucarísticas, na escuta da Palavra e no testemunho do Evangelho”. 

Equipe de Animação do Congresso Eucarístico.
Porto Velho. 07.07.2025.

 
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