Respirar no Ritmo do Espírito: A Comissão Diocesana de Liturgia como Serviço Sinodal ao Mistério Pascal
Vinicius Schumaher
"Eles se dedicavam ao ensinamento dos apóstolos, à
comunhão fraterna, à fração do pão e às orações."
(Atos 2-42)
1. Introdução
A Liturgia, no coração da vida da Igreja, ocupa o lugar de “fonte e ápice de toda a vida cristã” (CONCÍLIO VATICANO II, 2006, n. 10). Esta célebre definição, inscrita na Constituição Sacrosanctum Concilium, não é mero recurso literário ou expressão devocional, mas verdade ontológica e teológica. Na Liturgia, o Mistério Pascal se faz sempre novo, visível e eficaz. É na celebração litúrgica que o povo de Deus encontra o Cristo vivo, que continua a agir e salvar, reunindo a humanidade na comunhão com o Pai, pelo sopro incessante do Espírito Santo.
Não é por acaso que os Padres da Igreja, desde os primórdios, compreenderam a celebração não como simples rito, mas como epifania do Reino, lugar onde céu e terra se entrelaçam. Santo Ambrósio, em seu tratado De Mysteriis, recorda que a liturgia é caminho de transformação interior, pois nela vemos com os olhos da fé aquilo que não vemos com os olhos materiais (AMBRÓSIO, 2005). Na mesma linha, Santo Irineu de Lião ensinava que a Liturgia é a antecipação do banquete eterno, pois nela a humanidade, reconciliada, participa da própria vida de Deus (IRINEU, 2011).
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